19 setembro 2006

Onsen

Um dos ícones da cultura Japonesa é a onsen — banho de águas termais. A região de Shizuoka (para qual vou viver em Janeiro) é famosa pelas suas onsens, mas descobri num livro sobre Tóquio que na área onde vivo (Asakusa) existem duas onsens de qualidade e acessíveis, e por isso resolvi experimentar uma ontem, a Jakotsu-yu.

Foi complicado encontrar a onsen, que estava num beco escuro e sem vida, mas após várias iterações com as pessoas na rua lá dei com o lugar. Na entrada da onsen torna-se evidente o facto de estarmos no Japão: temos de retirar os sapatos ao entrar e colocar-los dentro dum cacifo, existe outro cacifo para o guarda-chuva. Existe também uma máquina de pré-pagamento cheia de botões para escolhermos o tipo de banho, que produtos de higiene queremos comprar (shampoo, sabão), e se queremos bilhetes múltiplos ou passes para o mês inteiro. Felizmente os botões tinham tradução em Inglês, mas isso não evitou de ficar 3 min a decidir o que queria...

Existe um protocolo bem estabelecido de como comportar numa onsem ou casa de banho pública Japonesa. Fiz questão de dizer que era a primeira vez que vinha a uma onsem, e o staff indicou-me um poster animado com as principais regras:

  • Tomar um duche antes de entrar na onsen.
  • O duche deve ser tomado sentado, e não em pé, nuns pequenos bancos.
  • Tirar bem o sabão antes de entrar na onsen.
  • Não levar calções ou qualquer roupa para a onsen.
  • Levar uma pequena toalha para a onsen, mas nunca mergulhar-la na água da onsem.
  • Enxaguar bem antes de retornar para os vestiários.

Com muita calma, para não quebrar nenhuma regra, lá fiz o ritual. Tomar um duche sentado não é lá muito cómodo — fiz o máximo para não me rir de mim próprio e manter um ar sério. Observei antentamente como os outros conseguiam fazer tal proeza eficazmente, e tentei copiar.

Depois segui-se o onsen própriamente dito. Já me tinham avisado que a água era tão quente que deixava a parafernália masculina literalmente cozida — "que exagero", pensei eu. Mas a realidade de entrar no banho tornou a analogia bem verdadeira! Contudo, ao fim de uns minutos essa sensação desaparece, e conseguimos relaxar.

De inicio cheguei a ver um outro ocidental, mas pouco depois eu era o único ocidental dos 30 a 40 homens que lá estavam, e talvez por isso era alvo de alguma atenção. É complicado socializar nestas condições, mas lá exclamei para uma pessoa ao meu lado: "Atsui desu ne?" (Está quente, não está?). Ele concordou, e depois tivemos a conversar um pouco sobre as onsens, portugal, e o que estava a fazer no Japão.

A coisa mais chocante, inesperadamente, foi quando a senhora responsável do onsem entra no vestiários dos homens como se nada fosse! Eu mal queria acreditar, e olhei duas vezes para confirmar que não estava a ver mal. Felizmente, já tinha os boxers vestidos. Doutra forma estou certo que tinha dado um grito e um salto até ao tecto! Mas devia ser algo perfeitamente normal, pois os outros homens continuavam a limpar-se orgulhosamente enquanto a senhora limpava e arrumava algumas coisas... E esta, hein?

O banho foi sem dúvida relaxante, e a experiencia foi engraçada. Hei-de voltar novamente, e talvez leve os meus colegas, mas não lhes vou avisar da senhora! He, he, he...

Eis uma foto da onsem retirada da internet: