30 outubro 2006

Yunessun Onsen

Finalmente fui a uma verdadeira onsen -- a Hakone Kowakien Yunessun, com o Nino e o Michael, que organizou tudo.

Contudo, a Yunessun é algo especial, pois integra onsen tradicional...

com diversões aquáticas...

e banhos únicos como café...

vinho tinto...

chá verde...

sake (bebida alcoólica japonesa derivada da fermentação do arroz)...

e outros como água salgada do mar morto, etc.

Estivemos cerca de 4 horas dentro de água. Ao início estava com receio que fosse aborrecido ao fim de um bocado, mas nada disso aconteceu. Foi mesmo relaxante experimentar aqueles banhos todos. E a vista dos banhos no exterior era realmente fantástica. O meu banho favorito foi o de café — o cheiro era mesmo agradável!

Por sermos estrangeiros, estamos acostumados a ser apaparicados pelos japoneses — há sempre um japonês interessado em meter conversa com um gaikokujin 外国人 (a palavra em Japones para estrangeiro que significa literalmente é pessoa 人 do país 国 exterior 外). Foi o que aconteceu na viagem de ida (uma japonesa simpática que meteu converso após nos ajudar a apanhar o comboio certo) e na viagem de volta (duas japonesas simpáticas que nos ajudaram a treinar o nosso Japonês, interessadas em saber mais sobre os nossos países). Mas dentro da onsen o comportamento foi muito diferente — não sempre, mas em geral, passado 2 min de entrarmos num banho a maioria dos japoneses que lá estava inicialmente tinha saído. Falei depois com vários conhecidos japoneses, sobre este estranho comportamento, e segundo eles a explicação mais provável deriva do facto de os japoneses não dominarem bem o Inglês falado, e por não ser educado estar muito tempo num banho com outras pessoas sem meter conversa, então perferem sair para evitar situações constrangedoras mais tarde. Não sei se esta é ou não a razão, mas ao fim de algum tempo já brincavamos com a situação: "Vamos lá expulsar os japoneses daquele banho!" :D

P.S: A maioria das fotos aqui foi retirada do site da onsen pois, apesar de ser permitido, não levei a minha câmara fotográfica para a zona de banhos mista por não ser impermeável.

14 outubro 2006

Aprendizagem da língua Japonesa

Turmas

Antes do começo das aulas, nós (40 pessoas ao todo) fomos agrupados em vários turmas (cada turma com cerca de 5 pessoas) de acordo com o nosso conhecimento prévio e objectivos de aprendizagem. As aulas são dadas por professores da KAI Japanese School. Devido à dimensão limitada das instalações, metade das turmas tem aulas no Centro EU-Japan — a outra metade tem aulas na Kai School.

Eu fui colocado na turma mais avançada das turmas formadas. Contudo os melhores alunos de Japonês não estão na minha turma — foram integrados nas turmas ainda mais avançadas dos cursos normais da KAI School, isto é, com outras pessoas que não fazem parte do programa Vulcanus.

A minha turma era, especialmente no início, muito díspar. Havia quem soubesse imensos kanjis, mas com um vocabulário corrente limitado. Havia quem soubesse muito de gramática. Havia quem tivese um vocabulário e conhecimento de frases idiomáticas muito alargado, mas poucos conhecimentos de gramática e de kanjis (eu).

Aulas

Num dia normal (isto é, um dia sem seminários, visitas de estudo, ou outras actividades culturais), temos 5 horas de japonês. 2 horas de manhã, das 10:00 às 12:00, e 3 horas de tarde, das 13:00 às 16:00.

De manhã, o professor (todos os dias um professor diferente) começa sempre com uma conversa informal em Japonês de 10 min: o que fizemos no fim de semana, qual a nossa rotina diária, quais são os planos para o próximo fim de semana, etc. Este tempo serve para rever a matéria e afinar os nossos cérebros no modo Japonês (em vez do modo Inglês ou Português que está por defeito), e também para esperar por um ou outro colega mais atrasado... :) Depois temos um mini-teste — todos os dias temos de ler antecipadamente a parte do livro que vai ser abordada no dia seguinte, este mini-teste cobre isso. No resto do tempo aprendemos regras de gramática com exposição teórica sempre intercalada com exercícios práticos.

À tarde temos revisões ou, mais frequentemente, conversações. Estas conversações são mais elaboradas, numa situação hipotética de cariz prático, por exemplo: como descrever a nós próprios, como descrever o nosso país, como pedir ajuda num escritório, qual a conversa de elevador apropriada para ter com o nosso chefe, etc! A última hora da tarde é sempre dedicada à realização de fichas de revisão e/ou estudo de kanji.

No caso da nossa turma (mais avançada e díspar) o estudo de kanji é feito individualmente: cada um vai estudando o livro de Kanjis ao seu ritmo e tira dúvidas sempre que precisar.

Eu

Todos nós neste momento já sabemos o suficiente da língua Japonesa para o dia-a-dia: comprimentar as pessoas, apresentarmos-nos, fazer compras, pedir ou explicar a direcção para um lugar, etc.

Pouco tempo depois de cá estar, eu já conseguia socializar com Japoneses, em Japonês. Desde o início (na verdade, mesmo antes, na viagem de avião até Tóquio) fiz um esforço por comunicar em Japonês sempre que podia, e por fazer amigos japoneses. Também fiz (e ainda faço) um grande esforço por usar o dicurso formal na escola, no Centro e na rua, e por usar o discurso informal com os amigos. É um exercício nada trivial (uma vez que varia a conjugação dos verbos e o leque de pronomes pessoais) mas sem o qual jamais poderia ser aceite pelos Japoneses: é mal educado usar discurso informal com pessoas mais importantes ou desconhecidas, mas na mesma medida é "frio" e constrangedor (ou, pior, afeminado!) falar formalmente com pessoas que são consideradas amigas.

Assim, encontro-me e falo frequentemente com os meus amigos japoneses. Também troco emails com eles, quer no computador quer no telemóvel, fazendo uso dos dicionários electrónicos que existem em ambos. Também estou a ler manga em Japonês fazendo uso do dicionário electrónico portátil que adquiri.

Objectivo

O meu objectivo é aprender o máximo possível de japonês neste ano inteiro em geral, e nestes quatro meses em particular. Há muitas regras gramaticais de desconheço ou confundo, e ainda não consigo comunicar raciocínios complexos. Também ainda conheço poucos kanjis. Em Dezembro vou fazer um exame internacional de Japonês (Japanese Language Proficiency Test) — também um objectivo, mas secundário — pois é o conselho dos professores, e também a minha opinião, que é mais importante aproveitar este tempo no Japão para praticar o Japonês, do que estar enfiado em casa a marrar para um exame que pode ser feito em qualquer parte do mundo. Em Janeiro começa o meu estágio, mas se for de todo possível, tenciono continuar as aulas de Japonês em horário pós-laboral noutra instituição. Talvez receba um reembolso do centro, mas ainda está em conversação. De qualquer forma, isso não me irá demover de continuar a aprender o máximo possível Japonês.

07 outubro 2006

O cliente é rei

Expressões como "o cliente tem sempre razão" existem por todo o mundo. No Japão, a expressão usada é "o cliente é rei" e é interpretada a um nível raramente visto...

A minha mala danificou-se na viagem de avião até ao Japão. (Nunca mais compro uma mala rígida pois a mala furou na viagem Porto-Bruxelas, e na viagem Bruxelas-Japão perdeu a roda e toda a zona envolvente, e já é uma mala substituta da que comprei, que tinha rachado quando fui aos EUA. As companhias pagam sempre mas é uma chatice ter de perder horas nos aeroportos a preencher formulários e ler instrucções de procedimentos, daí que tenciono comprar uma mala de lona para as viagens de avião.) Em qualquer caso, segui os tramites normais para recuperar a mala, uma vez que para viagens de comboio ou carro uma mala fixa serve perfeitamente.

O procedimento normal é enviar a mala por correio e a companhia aérea tenta concertar. Assim fiz, e inclui toda a informação (tal como o recibo de compra). Ontem recebi uma chamada da companhia aérea. Começou pela pergunta qual língua preferia, Inglês ou Japonês? Como o meu vocabulário em Japonês para este género de situações não é muito abrangente, respondi que Inglês seria melhor. Seguiu-se silêncio e depois alguma hesitação, pelo que retorqui "Japonês também serve!" e assim foi. A menina pediu-me imensa desculpa, pois não conseguiam concertar a mala (o que não me surpreende, pois era um grande buracão que tinha!!), e disse-me que iam enviar um catálogo de malas, do qual podia escolher qualquer mala do catálogo, e perguntou-se eu aceitava... Nesta altura eu já tinha um sorriso de orelha a orelha, mas esforcei-me para responder com uma voz firme "sim, não há problema". O catálogo chegou hoje, e o preço das malas vai até aos €200 (a mala custou-me €80)! :D

Mas a minha história não é primeira do género que tive conhecimento. Num dos seminários sobre o Japão que tive, o locutor contou o episódio em que foi almoçar um restaurante com a mulher e, inadvertidamente, uma funcionária tropeça e verte a comida por cima da mulher. Imediatamente, todas as funcionárias acorrem em círculo à senhora, enxaguando e limpando-a, enquanto o gerente pede imensa desculpa (ao marido, claro!), que é culpa dele por não ter dado suficiente treino e motivação aos seus funcionários. (Um aparte interessante é que ninguem olha para o sucedido — todos os outros clientes fazem de contam que nada aconteceu, para não criar constrangimentos.) E enquanto as funcionárias levam a senhora para tratar dela, o gerente diz que pode escolher tudo o que quiser do menu — que é por conta da casa! Ao fim da tarde, a mulher apareceu, com um novo pentiado e um novo vestido!

O sentimento é geral — no final uma pessoa acaba por sentir-se feliz por aquela infelicidade ter acontecido! Sem dúvida que se sente rei! :)

01 outubro 2006

Yokohama

Na passada sexta-feira estava previsto visitarmos as empresas onde vamos estagiar. Contudo, grande parte acabou por não fazer esta visita tão cedo. Talvez devido à distância, eu fui um desses casos. Por isso, foi um dia de lazer!

O Alejandro — de Alicante, Espanha, e um dos tipos mais divertidos do grupo — está a viver em Yokohama — normalmente referida como a a segunda maior cidade depois de Tókio.

A estação de combios de Yokohama é monstruosa, e demorou uma hora para conseguir encontrarmos-nos a todos. Inicialmente a ideia era irmos para a praia, mas o tempo estava meio encoberto e desistimos dessa ideia. Fomos directos para a chinatown de Yokohama para saciar a fome.

Chinatown

Após a refeição decimos passear pelo parque, e fizemos uma siesta no jardim sobre o terminal portuário de passageiros, aquecidos pelo sol e uma leve brisa. Ah... isto sim é vida!

Siesta at the pier Yokohama Siesta at the pier

Depois dirigimos-nos em direcção ao edício mais alto do Japão.

Yokohama

Mas por quase unanimidade, optamos pela roda gigante que, apesar de ter apenas metade da altura, gira! Já era de noite, e a vista era fabulosa.

Yokohama Yokohama

Yokohama, por ter ser uma cidade portuária, teve sempre uma percentagem maior de estrangeiros. Neste dia, estava a decorrer a Yokohama Oktoberfest — uma feira de comes e bebes europeus (essencialmente cerveja e salsicha alemã :). Nesta altura do nosso grupo só restava os Ibéricos (isto é, eu e os espanhóis). E sentamos-nos ao lado de um grupo ainda mais energético de professoras histéricas de Inglês, vindas dos EUA. Se juntarmos à mistura japoneses desejosos de convívio, o resultado foi uma grande festa!

Yokohama Oktoberfest Yokohama Oktoberfest Yokohama Oktoberfest

E ao fim de um bocado, pusemos toda a gente a dançar a conga.

Eu, como é já meu costume, aproveito para falar Japones com quem puder. Conheci uma senhora muito simpática, que me convidou para ir um dia lá a casa conhecer a família, e provar comida caseira Japonesa!

No proximo fim de semana (quando termina a feira) vamos lá voltar, mas desta vez levamos a comitiva toda para arrazar!

Havia muita coisa para ver em Yokohama, mas devido à fatiga resultante de uma semana de trabalho, fugimos (in)conscientemente de museus, munumentos (e etc.), optando mais pelo convívio e diversão. E não me arrenpendo — pois ficamos com excelentes recordações, e com mais energia para outra semana.

Podem ver mais algumas fotos aqui.

Ginásio

Após muito procurar, finalmente encontrei um ginásio não muito longe, nem muito caro.

Mas o facto talvez mais interessante é que me pesei pela primeira vez desde que saí de Portugal, e perdi 5kg em três semanas... Seria bom que esses 5kg fossem subtraídos apenas à barriguinha, mas com apenas três refeições diárias (em vez das cinco-seis que fazia em Portugal), e uma dieta pobre em carne, infelizmente tal não é verdade.

Daí que comecei a levar lanche na sacola e comprei suplementos proteícos e multi-vitamínicos — que acaba por ser uma solução muito mais económica de encontrar esses nutrientes tão em falta na dieta Japonesa.